sábado, 25 de fevereiro de 2012

"No luar" (Sannio)

Não vou relatar os fatos.
Nem relar os atos.
Vou lembrar do asfalto tortuoso.
Vou gozar da libidinagem.
Sentir calores, em febre induzida.
Vou desgraçar a sua vida.
E você ainda vai lembrar de mim, quando eu me for.
E por favor, não faças rimas com dor.
Não abandone o olhar sem explicação.
Nem prometas o amanhã em rosa choque.
Só meu bem, não me corte.
Não conte sempre, com o que chamas de sorte.
Não tenha certezas, das dúvidas que lhe deixo.
Morda devagar o meu queixo.
E não me ouça agora.
Não me obedeça e me ignore.
Só suplique ou chore.
Quando sentir o desejo latente.
Em teu corpo e eu ausente.
Me aproximando com passos macios.
Tomando o teu corpo e teu vinho.
Teu sossego e teu cio.
E me embriagando de você.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"O Espírito Selvagem, O Corpo à Margem e O Embasbacado Final" (Sannio)

Sentado, pareci sábio.
Cruzei a perna sobre a outra.
A língua sobre os dentes, o céu da boca.
A garganta possuída.
Das bravatas coloridas.
Com confete e serpentina.
E o não sambar.
Sambar pra quê?
Se tenho dois pés esquerdos.
Se quando sambo, tenho medo de tropeçar.
É final.
À margem.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Tristeza" (Sannio)

Tristeza por ser um.
Tisteza pela falta de consciência alheia.
Tristeza pelas lágrimas que caem de outro rosto.
Tristeza que vem e passa.
Que tem falta de graça.
Que é mordaça, para o meu sorriso.
Que não é minha amiga.
É só tristeza.
Tristeza e só.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

"Algo Bonito" (Sannio)

Queria ter algo bonito pra mostrar.
Algo que fôsse lembrado.
Que tenha sido feito de coração.
Mas não tenho nada pra divulgar.
E talvez, eu realmente não queira.
Talvez, eu só queira ter algo bonito, pra  lembrar.
Pra deformar e recriar com minhas mãos.
Uma pintura nova, um desenho...
Uma poesia sobre um amor reluzente.
Algo bonito.
Algo que seja livre.
E meu.
Algo que seja belo.
Como o alaranjar veranista, dos longos fios de cabelo da Rafaela.
Minha sobrinha.
Algo belo, como o olhar da estudante de cinema.
À me olhar à beira do Guaíba.
E eu a ver seus olhos à brilharem.
Algo naturalmente lindo.
Como o nascer do sol, de uma noite mal dormida.
Algo sublime.
Como os bebês que descobrem a vida(novamente).
Algo bonito
Pra sonhar, pra viver, pra morrer.
Em mim.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Silêncio" (Sannio)

Dois olhos tristes.
Como os meus, muitos vezes o são.
Dois olhos maduros, em cima do muro da vida.
Com todo o peso de suas escolhas.
Seus erros e suas conquistas.
Dois olhos tristes, em cima de um nariz em riste.
Distantes espelhos brancos, negros, castanhos.
Que nunca vi vermelhos.
Talvez, por causa de meu anseio.
De um orgulho, auto-destrutivo, rebelde e singular.
Não fôssem singulares, todos os seus olhares.
Plurais seriam os nossos.
Tristes todos eles, enfim.
Minha mão estica, à vezes, para se encolher em seguida.
Em sua direção.
Queria não ver mais, teus olhos tristes.
Mesmo que tristes, permanecessem os meus.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

"Estranho" (Sannio)

Pouco me importa, falar dos outros.
Fofoca.
Falemos de nós dois.
Fale-me de você.
Não me pergunte nada.
Nada queira, saber de mim.
Hoje eu estou estranho.
Estou estranho.
Estranho.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"Pés Molhados" (Sannio)

"I saw a man walking on the water
Coming right at me from the other side
Calling out my name: "do not be afraid!"
Feet begin to run, pouding in my brain
I don't want to go;I don't want to go."

"Walk On The Water"
(Creedence Clearwater Revival)


Independente.
É assim, que eu me intitulo.
Passado, toda a infância de mimos e manias atendidas.
Pelos meus avós, minha mãe e até por meu pai(talvez, um dos parentes mais ausentes, principalmente nesta fase "tão delicada").
E com espírito persistente e perseverante...me estraguei!
Sim, me estraguei.
Me tornei uma pessoa, por vezes cínica(quando conveniente e apenas quando extremamente coveniente).
Egoísta(egocêntrica, melhor dizendo).
Racional a ponto de ser glacial.
Emotivo a ponto de ser piégas,pedante.Vergonhoso para eu mesmo.
Personalidade forte e controversa.
Esse sou eu.
Sentado em frente ao notebook, implorando por atenção.
E cansado do mundo por hoje, ao mesmo tempo(mas controverso, sempre).
Cansado a ponto, de pensar seriamente em "encher a cara".
Depois que eu levantar, a bunda daqui.
Amanhã, eu me sinto culpado(como sempre acontece).
Independente.
É assim, que me intitulo.
Independente e teimoso!
"Oh, meu Deus, eu quero ser uma pessoa melhor!
Livrai-me da ressaca!
E da depressão alcoólica!
Amém!"