sábado, 30 de novembro de 2013

"Claríssimo Quando Perto De Um Coração Selvagem" (Sannio)

Quando leio a árdua vida de uma mulher solteira
Me questiono de qual vida se trata
Se não foram às suas próprias escolhas 
que a levaram a tal bravata 
E na sequencia vem o arrependimento em desalinho 
Cheio de afrescos e badulaques, moçoilos de cavanhaques
atletas de destaque, vanguardistas de araque
Não pendura quadros, coleciona molduras
E no meio de tantas tolas aventuras, desatina de frescuras
Acredito na inocência jaz ultrapassada
Mas teria de ter vivido em uma bolha
Para não notar tais escapadas
Ou as desculpas esfarrapadas das horas esperadas
Sem quase definição sexual
Não será uma bela com cheiro de rosas
que lhe tragará ao normal
A efêmera bebedeira de seus caprichos românticos
Desde sempre lhe apontaram mal sinal
Grave curiosidade às fazem casar na mocidade
Maldita ansiedade inquieta
Fazem-nas de lábios abertos à pequenas boca abertas
No gênero:"Mulher sofrida"
Prefiro Clarice
Há tantas mulheres vividas
E antes que me tenham gana homicida
Lembrem-se
Não foi eu, quem bancou a esquecida 



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

"S de Saudade" (Sannio)

Realmente não importa
Você irá se virar bem sem mim
Pensei em lhe dizer algo
Mas não
Eu realmente não tentei
Normal
Eu nunca quis ser tão bonito assim
E você sabe
Seus filhos passam pelos meus olhos
E não importa o tempo
Eu vou ainda estar sozinho
Por que eu sou melhor assim
Sem você
Minhas lágrimas quentes
São a minha única despedida
Como um bilhete curto
Em um bolso furado
É...Eu sei!


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

"Feliz Natal, Charlie Brown!" (Sannio)

Não enxergo limites
Minha simpatia tem o gosto deste café amargo
É preciso adaptar-se para saboreá-la
Ou não desce
Por mais que se sorva ou tente engolir
É inerte, inerente, luxuriosa em mágoa
Sem donos, cem donos
e sem mim, mas nada
Sobre o tempo: Chagas
Tão lembrado, vivido, gasto
Nos lábios de seus ponteiros
ainda sou casto
Core, corre, nas meias rastros
Nas mão tremores,
no fígado amores
que sem um corpo doem
Desfalecem, adormecem
Reencarnam
Moem 

http://www.youtube.com/watch?v=uGmV9BYiVLQ



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"Normal Porn For Normal People" (Sannio)

Recebi um e-mail. Daqueles que não se espera receber nunca. 
"Normal Porn For Normal People". Escrito em um inglês quase chulo. 
Uma mensagem curta.Um breve amontilhado de letras em palavras quase desconexas,
com a simplória intenção de dar-me um cumprimento.
Já havia ouvido a respeito. Sabido um pouco desta lenda urbana. 
E via-me de frente aquele mero convite, sem letras douradas, nem marca d'água em
 um cartão luxoso. Frustrante até. 
Assisti os tais vídeos, entrei no site. Agradeço. Mas meu interesse é ralo sobre o grupo
que nele se encontra. 
Bato a bunda a galope. Bato de novo. Até tudo que é alvo, corar-se. A garota chora. Me
lembra que a gente namora. Eu só estava me divertindo...E agora?
Além do que a mente vaga, veste de anágua, sopra, suspira, paga. Também maltrata,
provoca dor, mata.
Passado todo psicotrópico desassossego, gosto do bizarro, do estranho, do medo.
Me fascinam os psicóticos, os maníacos neuróticos, os vermes psicopatas, os malditos,
estupradores, desajustados, auto destrutivos, masoquistas, sádicos. 
Psicopatia em inato florescer, independente de abusos, ou triste lembranças da infância.
Famílias estruturadas às vezes também criam monstros.
Sedutores, sedutoras, muitos são charmosos, muitos escondem a sua face marginal.
Sociopatas que matam moscas a olhos vistos e pedem para serem amarrados em sua
intimidade. Os que amarram, os que não amam, os que sarram. 
Uma ausência de sentimentos superiores, pensamentos egoísticos, hedonismos.
Escrúpulos que não perduram, sofrimentos que estancam, devaneios, faunos que dançam.
Soberbos deuses entre os homens, assassinos impiedosos.
Órfãos do sistema a espera da adoção de algum padrasto: Soturno, Saturno.
http://www.youtube.com/watch?v=p09Mu8c_cSw









sábado, 16 de novembro de 2013

"Nós & Laços" (Sannio)

Limpo os lábios de areia 
Nos meus olhos 
a tua teia
E encaro de vez essa vida
Mesmo que a lua me golpeie
E que por você eu anseie
Por trinta moedas do teu apreço
Eu bem sei que não mereço
Não demora eu esqueço
Naquela nuvem outro sonho
Eu não quis, se deixei 
Lidar bem com o abandono

http://www.youtube.com/watch?v=l5BYTNtgib8&feature=youtu.be









quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"Revolução" (Sannio)

Vi sofrer a casta miserável em suas camas esquecidas
O doente sem às drogas em sua América empobrecida
Mais ao sul coroam às covas com às rosas embelecidas
Triste praga se mente irmã, se diz cristã, em discurso:
Sem religião estabelecida 
Não...Nós não podemos! Aceitar serenos às bençãos do ladrão
Vermos a fome que não sacia sem lembrar das siglas
de alguma agência de informação vazia
Cria junkie do terrorismo, em seu véu às penas
Escorpião de asas serenas, congresso em máfia
Ameaçados, espionados, em seus cofres um vigário 
Sobe a ação, a negação, a submissão, a religião
A espiação, o abandono, o preconceito, o vão
E sobra para nós aceitarmos a exploração
A condição de parentesco desafortunado
Sem protestar, contestar, quietos...
Calados 


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"Atando Cachorro Com Linguiça" (Sannio)

Reencontrando com uma antiga vizinha
Sem que antiga fosse a vizinha, ou eu
Muito menos eu, diga-se de passagem...
Mas o bairro é antigo
Antigo, tradicionalmente boêmio
Inovador artisticamente, nem tanto ideologicamente
Vez e outra, surge um expoente
Culturalmente misturado, cheirando a gordura de lancheria,
a queijo de pizzaria, a "cc" de academia, a bafo de cervejaria,
 a putaria, a nostalgia
Sempre em voga, sempre em alta, próximo ao centro
Em teus contrastes, em teus lamentos
Aqui em Porto (Alegre)
Ali em Porto, lá em Porto Alegre
Depende do ponto de partida
Se a chegada for aqui, chega mais! Vale a pena
Eu discordo um pouco de tanto amor
Me criei lá fora, "lá" no interior
Gosto da simplicidade: Praia, sexo, barriga, filho,
natureza abundante, bundas balançantes, pipa, barbante
Metade de mim é urbano
A outra é castanho
Dependurado na janela
Lembrando do *pago
A vizinha (redefinindo o raciocínio) me lembrou
do meu estilo venturoso
Mudei um pouco: "Tô light"
Os cães cansam, perdem os dentes
Mas inadvertidamente, ou sabidamente
Nunca perdem o instinto

http://www.youtube.com/watch?v=OWoflVKeBIE

* pago - figura de linguagem gaúcha que serve para definir campo,
"pampas", geralmente relacionado a local rural, localidade de origem
fonte: meus achismos








domingo, 10 de novembro de 2013

"Construções Abandonadas Me Atraem" (Sannio)

Construções abandonadas me atraem
E suas histórias mal contadas
Na prosopopeia paródica irônica de sua gramática
Construções inacabadas tais coitos descobertos
Abertas fendas das mesmices de tuas frestas
Nos seios apertados, embolados, lambidos, acesos 
Cansados, calistos, apagados
Tijolos e madeiras podres
Cupins e bichos bola
Oras, horas, minutos, segundos, terceiros sem saber
Esconde, sonha, apanha, morre, socorre, violenta
Esquenta, esfria, saudades, pesar, vandalismo, melancolia
Dislexia nas coxas quentes das tardes frias
Muita sujeira, beira a beira às mãos vazias
Construções abandonadas me atraem
Me seduzem em seus corredores, feito dores
Pecadores que ao bem dá vida não há, nem hão
Uma pá, nomes pichados, dentes cariados, segredos, sãos 
Cimentado o cinza da busca
A flor na tua blusa
O pendão na calçada
Às safadezas das safadas, dos falácios, dos tarados
Dá-me o teu perdão
E eu te deito ao moletom 
E te encharco de "Molon", de "Ninon"
De gozo na penumbra 
Sua louca, a tua boca
E só a minha

* Molon - vinho; Ninon - cachaça