quarta-feira, 30 de maio de 2012

"Pó" (Sannio)

Pássaros sombrios,
negras porções de desespero
Pêndulos em galhos secos
Buracos
Covas
Velas
Mãos
Anéis
Falar
Medo
Você
Partir
Nuvem
Sina misteriosa
Solidão.

sábado, 12 de maio de 2012

"You Never Wash Up After Yourself. Aquela do Radiohead..." (Sannio)

O café esfriou.
No mínimo, há um ano.
Uma criança, conversa com a avó.
A mulher, limpa o rosto das lágrimas.
O homem olha para a praia.
Os pombos voam.
Um gato adormece.
O mendigo sorri.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

"O Vilão" (Sannio)

Eu devo ser o vilão.
Clássicamente, os cabeçudos o são.
E o mundo é ficção.
Tudo pode ser, só imaginação.
E não há ação, sem pensamento.
Sem lamento da reação.
Sem verso na contramão.
Eu devo ser o vilão.
Vil figura na escuridão.
Na tez, amargura de solidão.
E nos olhos a brancura,
de uma doce paixão.
Corrosivo detentor do coração.
Sanguínea espécime em deterioração.
Eu devo ser o vilão.
E você aí, tão calado.
Cínico e abobalhado.
Traído e acostumado.
Descomprometido e desinteressado.
Me responderia,
se não estivesse amordaçado?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Local de Nascimento" (Sannio)

"Azul, vermelho
Pelo espelho
A vida vai passar
E o tempo está no pensamento."

"O Amanhã Colorido"
(Pouca Vogal)

Lembro dos ônibus cheios.
Apoéticos.
Sintéticos mecanismos de plurarização.
Lembro dos mendigos deitados no chão.
Mesmo verticais, permanecem horizontais à sociedade.
Lembro dos sonhos esquecidos.
Perdidos em minhas revoltas.
Em meu instável sentimento de individualidade.
Lembro da carência.
Das coinscidências.
Das circunstâncias.
Das danças.
Saudade das pessoas acotoveladas.
Em minha admiração jaz velada.
Saudade do cantinho de calçada.
Do beco atrás da rua.
Dos amigos que moram longe.
Das quase amizades.
Saudade das meninas.
Sempre tão jovens.
E eu, vez por cima.
Outras por baixo.
E cá, cabisbaixo.
Lembro da metrópole.
Que me entorpeceu, me enlouqueceu.
E por fim, me cativou.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Queria Dizer Que Me Importo" (Sannio)

Logo findarão, meus dias de férias.
E terei novamente, que me render ao mecanismo capitalista.Já tão conhecido.
Me desfaleço na idéia, da quebra da espontâneidade.
Voltarei às velhas amarras.
Ao torcer de lábios alheios.
Às conveniências.
Às dependências dialéticas.
E serão, talvez os outros, o foco.
E eu voltarei ao canto escuro da sala.
Passarei óleo nas articulações.
E robotizarei minhas reações.
Não que o parasitismo constante de meus dias atuais.
Deixem saudades.
Não deixam.
De nada me adiantam estas migalhas atiradas em meu rosto.
Não muda em nada, o fato de vivermos, em função de um formigueiro estúpido.
Escravos de um sistema.
Que ilude o nosso espírito.
Com  ideais de utilidade.
"Hahaha..."
Poupem-me do sarcasmo capitalista.
Do terrorismo inventado.
Da mídia, falsa, gélida e dissimulada.
Deixem-me escarnecer das posturas metódicas, ordeiras e organizadas.
Só a vontade de cada indivíduo.
Conhece o que lhe é verdadeiro.
Não lhe atira em grupos pré escolhidos.
Não lhe usa.
Nem lhe joga fora.
Não basta a anarquia.
Crie e revolucione.
Destrua e transforme.
E talvez a tristeza.
Seja apenas inconformismo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

"Artéria" (Sannio)

Meu mundo é a impressão que tens de mim.
Eu sem você, não existo.
Ao passo, que você sem mim, não é ninguém.
O que eu faço.
Você fica sabendo.
E está feito.
E todo o resto é fragmento.
Eu acordo lento.
Com medo da realidade vista por mim.
Quando me olhas.
Não sou tão feio assim.
A barba à ser ajeitada.
Amputada, navalhada.
E a preguiça atrás da porta.
Pode ser, que não volte.
Pode ser, que eu a expulse.
E depois tenha por ela repulsa.
E a expurgue, da minha vida.
Como outra que me olhava.
Acordo às dez.
Você já bem cedo.
Eu olho para o lado.
Não vejo ninguém.
Fecho então os olhos rapidamente.
E você está lá.
Que alívio!
Saber, que pelo menos um de nós está bem.