domingo, 22 de junho de 2014

"Transparências" (Sannio)


Já descobri há muito tempo que a minha sinceridade é mal educada
Minha honestidade é rude
Portanto, melhor aceita
Já estamos todos acostumados a rudezas, as ruindades, as banalidades
Porque estamos todos sujeitos
Não dá para ser brilhante o tempo todo
Aliás
É bem mais fácil
e comum
Ser de vez em quando: Reluzente
E sendo assim, também fugaz
Rápido
Em toda arte é por aquele brilho inconstante
que buscamos
que cobiçamos
que rumamos
E invariavelmente, vez ou outra
Encontramos
Não é sempre
Nem sabido quando vem
Feito amor
Tem de ser verdadeiro
Para ser admirado
Enquanto navegamos na mediocridade das paixões
Somos apenas fantoches inadvertidos
Da condição humana e logicamente: Limitada
É bom conhecer o chão por onde pisamos
Para quando chegar a inevitável hora de liricamente
pousarmos
Não sermos vítimas
Das próprias ilusões


quarta-feira, 11 de junho de 2014

"Véspera" (Sannio)

Não é véspera de nada
Não há uma data
Não há ninguém
Não há agradecimentos
ou condolências
Não há desculpas
Não há mais nada

segunda-feira, 9 de junho de 2014

"Sombrio Afeto" (Sannio)


Tento em passos lentos desviar da dúvida
Mas o pensamento perene
Tem um tom de angústia
Tem um dom de lástima
De praga
A Fátima não tem o segredo do meu amor
Enquanto os teus olhos sinceros
Olham as mascaras 
Nas marcas
De que tiveste horror
Tatua no teu corpo
Memórias
Historias 
Flagelos
do teu rancor
Repito nas conquistas sórdidas
Apostas
Na certeza de que um dia funcionou
E confesso a mim mesmo 
no chuveiro
Um resquício do que não vivemos
Destroçado em espírito
Sem um filho
O meu próprio Senhor












sábado, 7 de junho de 2014

"Resíduo" (Felipe Mutley)

 

Resíduo, variação da equação, negação da verdade
Uma cobaia no sentido usual
Penso, logo existo, não é uma premissa correta
Mas: Penso, logo meu pensamento existe
Levando-se em conta que não se pode separar o eu do pensamento
Mas a ideia, também não deve ser considerada algo real
Se aceitarmos que só existe a ação
Entende-se que o ato de pensar, vem antes do pensamento
Mas acredito que pensamento e ilusão, não são muito diferenciáveis
Isso teoricamente, porque diferenciamos sonho de realidade
Poderíamos nós, sermos a fantasia dalgum pensamento?

* Felipe Mutley: contribuinte.







quinta-feira, 5 de junho de 2014

"Rosário" (Sannio)

E com meus olhos dispersos
Nas tuas orações eu estive
Sem dó do teu verso
Tão egoísta e indolente
Sem prestar conta
A quem se condói
E requer por carinho
Sem saber do caminho
Atravessei o meio fio
E agora gemo
Do extremo vazio
Que reclama essa gente
A vida sem apreço
Que eu busquei com meu pés
Foi só o revez 
De tal alma ingrata
Achando teus conselhos
Coisas de chata
Perdendo os meus dias
Com coisas baratas
Fui fútil e infantil
Um pobre vadio
Das coisas incertas
E é no lamento que eu pranto
Tudo que é santo
Com o coração dolorido
De portas abertas
Ave nostálgica
Nobre canário
Que canta a janela
Se teu canto
Tivesse a minha voz
Riria de nós
Que dispensamos a liberdade
Que morremos orgulhosos
Feridos e desgostosos
Cantando
 saudades




segunda-feira, 2 de junho de 2014

"Se Essa Rua Fosse Minha" (Mário Lago & Roberto Martins)

             


        Se essa rua
        Se essa rua fosse minha
       Eu mandava
       Eu mandava ladrilhar
       Com pedrinhas
       Com pedrinhas de brilhante
       Só pra ver meu bem passar
    
       Nessa rua
      Nessa rua tem um bosque
      Que se chama
      Que se chama solidão
      Dentro dele
      Dentro dele mora um anjo
      Que roubou
      Que roubou meu coração
     
      Se eu roubei
      Se eu roubei teu coração
     Tu roubaste
     Tu roubaste o meu também
     Se eu roubei
     Se eu roubei teu coração
     Foi porque
     Só porque te quero bem