quarta-feira, 28 de março de 2012

"Das Horas" (Sannio)

Eu não vi os anos consumirem, todos os meus sonhos.
Nem tampouco saberia conjugar "abandono".
Sou o dono do meu destino.
E meu tino, trouxe-me até aqui.
Não fui sábio, na maioria das minhas escolhas.
Nem prudente em meus desejos.
E com isso, tive medo e dessosego.
Desconjuro em destempero.
Desterreno o meu sustento.
Sendo do uivo, o meu lamento.
Remelento, desperto lento.
Por um momento transcendo.
Gemendo sereneio.
E anseio no teu seio.
A minha procura.

terça-feira, 27 de março de 2012

"Parece" (Sannio)

Parece você.
E para mim, serve a referência.
Parece que você, desconhece.
Mas parece.
As mesmas fraquezas.
Parecidas, não iguais, em beleza.
Na destreza.
Na frieza.
Parece você.
Para mim:
Parece!

sábado, 17 de março de 2012

"Uma Noite no Inferno, Uma Tarde no Esquecimento" (Sannio)

Renite alérgica.
Anestézica.
Placebos para dor.
Uma garrafa vazia.
Cães na volta para casa.
Um aceno.
Uma ameaça.
Uma trapaça, a quem julga me conhecer.
Um arrastar de perna.
Cabeça pesada.
Um gosto de sangue, imaginário.
Um latido.
Um zumbido.
O cão que tenta me encarar.
Desvio o olhar.
Memórias.
Desvia o olhar.
O rosto.
Um desenho.
Não lembra ninguém.
Pressão no nariz.
Não lembra ninguém.
Mentira.
Não importa mais.
Placebo.
Nuvem.
Fumaça.
Um filme ruim.
Final estranho.
Mãe.
Comida simples.
Desvio o olhar.
Histórias.
Geografia nas lembrança.
O cão adormece.
Satisfação.
Placebo.
Uma poetisa.
Mar.
Pintura.
Pressão no nariz.
Azul.
Areia.
Final estranho.

quinta-feira, 15 de março de 2012

"Depois" (Sannio)

Maquiavelismo, possessividade, cíúme.
Agressividade, individualismo, egoísmo.
Tudo isto sou eu.
Tudo isto foram elas.
Manipulismo, infidelidade, frieza.
Impaciência, impulsividade, instabilidade.
Tudo isto sou eu.
Tudo isto foram elas.
É sem propósito, este diário distorçido.
Este ponto de vista momentâneo.
De uma ótica só.
Essa queixoza denúncia, da minha incapacidade de relacionar-me.
Essa revolta tola e existencial.
Parto de mim.
Partido delas.

segunda-feira, 12 de março de 2012

"A Mulher e o Violão" (Sannio)

Que não lhe falte poesia.
E teus braços.
Todos os três.
Toquem enfim as tuas cordas.
Tua música em notas.
E tua sensibilidade em prosa, verso, fumaça, incenso.
Distante, como as estrelas do firmamento.
Brilhando infinita, nos sonhos dos anjos.

sábado, 10 de março de 2012

"Devaneismo" (Sannio)

"Partir, Andar"
(Herbert Vianna)


Partir, andar, eis que chega
É essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada
Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar, sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Dinheiro, grades ou palavras(...)"

Vou me valer, das expressões não criadas.
Não ditas ou sussuradas.
Das questões preponderantes, de um impulso.
De um instante, entre o abrir e fechar dos lábios.
Do silêncio que não é rompido.
Que é só um grito diluído, em lágrimas e mágoas desonestas.
Em medo e: "- Merda!"
Um olhar perdido e esquecido dos teus olhos.
Em um seio dilacerado, que varre os cacos a cada abraço gelado de solidão.
Enquanto os pés empoeirados, nos sapatos calçados.
Caminham em um rumo completamente desconhecido.
Alado de idéias.
Até esquecer o caminho de novo.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"When I Come Around"(Sannio)

É esperado por alguns, que eu seja correto.
Sempre que possível.
Nem sempre é possível.
Eu não sou um exemplo a ser seguido.
Eu sou humano, só isso.
Se o momento, não é brilhante.
Pode vir a ser amanhã.
Pode ser só paranóia minha.
Pode ser tanta coisa...
Por hoje, me entrego à melancolia das memórias não vividas.
Percebo o mundo ao redor.
Saio do eu.
Retorno.
Mergulho, na lagoa suja de minha mente.
Meus olhos ardem nas áreas mais profundas.
O peito arde, com a falta de ar.
Emerjo, respiro.
Afundo de novo.
E espero a fluxetina, finalmente fazer efeito.

sábado, 3 de março de 2012

"Olhares" (Sannio)

O primeiro empurrão, de outras tantas contrações, foi um soluço.
E tudo era dor em si.
A dor crescente, e o suor nas paredes marcadas e portas decoradas de seu corpo.
As janelas entre abertas.
Circulares portais que levam ao âmago.
Olhos.
À vislumbrar o corredor por uma fresta.
Da meia luz, da porta entre aberta.
E a enfermeira escutando "Born To Be Wild", do Steppenwolf.
Do bom e velho rock n' roll.
Do papai.
Da mamãe.
"Rock n' roll, baby!"
Segundo empurrão.
"Born To Be Wild!"